sábado, 11 de dezembro de 2010

A quem foi pago o preço da nossa redenção?


A quem foi pago o preço da nossa redenção?

Há uns dias atrás fiquei estarrecido em ver e ouvir certo pregador de um bairro nosso aqui em Maceió, pregar sobre um assunto que deixou aqueles que conhecem um pouco as escrituras, ficarem muito triste com a colocação que o mesmo fez. O mesmo, talvez assistiuum vídeo que está sendo propagado por  amigos a amigos do Orkut,esse vídeo apresenta uma pregação de um certo pregador que viveu no século 18,seu nome era Jorge Thomas,e esse pregador fez uma infeliz aplicação,quando ele diz que houve um diálogo entre Jesus e satanás,e nesse dito diálogo.Jesus pergunta a satanás qual era o preço para a libertação das almas perdidas,e satanás começa a dizer que os seres humanos não mereciam tal compra,mas mesmo assim Jesus continua a insistir qual seria o preço para o resgate das almas,diz o pregador por nome Jorge Thomas,que nesse dialogo,satanás diz que o preço seria as lagrimas e o sangue de Jesus,até ai tudo bem,mas quando satanás na narrativa deste pregador diz que o valor tinha que ser pago a ele,ai não,isso não é verdade,pois  satanás não teve nenhuma participação no plano da salvação.

A seguir um comentário sobre a redenção e o preço da redenção.

Resgate significa o valor pago para obter a libertação ou soltura de um cativo. Seu uso pode ser observado em Êxodo 21.30 e Provérbios 13.8. Jesus usou esta palavra para mostrar como o homem foi trazido de volta a Deus. Ao corrigir os dois discípulos que pediram uma posição de destaque, Jesus disse a todos os discípulos que “qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, seja vosso servo; Bem como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos” (Mt 20:27-28; Mc 10.45). Jesus esclarece o significado de resgate durante a Última Ceia. Referindo-se ao cálice, Jesus disse: “Isto é o meu sangue; o sangue do novo testamento, que é derramado por muitos, para remissão [perdão] dos pecados” (Mt 26.28; cf. Mc 14:24; Lc 22:20). A entrega de sua vida, representada pelo derramamento de seu sangue, iria resgatar e resultar na remissão dos pecados de todos os que cumprissem os requisitos do arrependimento e da fé.
     Este conceito de resgate foi usado por Paulo quando escreveu que fomos “comprados por bom preço” (1Co 6:20; 7:23) e que “há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem. O qual se deu a si mesmo em preço de redenção por todos, para servir de testemunho a seu tempo” (1Tm 2:5-6). Pedro escreveu aos cristãos exilados: “Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais, Mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado” (1Pe 1:18-19).
     Redenção é usada várias vezes nas epístolas. Paulo escreveu que agora estamos “justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus” (Rm 3:24; cf. v. 25); “temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça,” (Ef 1:7); o selo do Espírito Santo é “o penhor da nossa herança, para redenção da possessão adquirida” (v. 14); “O qual nos tirou da potestade das trevas, e nos transportou para o reino do Filho do seu amor; Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados” (Cl 1:13-14). O autor do livro dos Hebreus escreveu: “o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus … é Mediador de um novo testamento, para que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia debaixo do primeiro testamento, os chamados recebam a promessa da herança eterna” (Hb 9:14-15). Semelhante a “resgate”, o significado básico da palavra é “comprar de volta”.
     O verbo “remir” também é usado no nascimento de João Batista. Seu pai, Zacarias, profetizou: “Bendito o Senhor Deus de Israel, Porque visitou e remiu o seu povo, E nos levantou uma salvação poderosa Na casa de Davi seu servo” (Lc 1.68-69). Mais tarde, quando Cristo foi falsamente condenado, os judeus “o entregaram à condenação de morte, e o crucificaram. E nós esperávamos que fosse ele o que remisse Israel; mas agora, sobre tudo isso, é já hoje o terceiro dia desde que essas coisas aconteceram” (24:20-21).
     Redenção e resgate significam que Cristo deu sua vida e ressuscitou para tornar possível o homem voltar para Deus. No contexto da história de Israel, estes termos significam algo de valor para se obter a libertação de um preso (Êx 21:30; Pv 13:8). No entender dos primeiros cristãos, por causa de seu contato com a escravidão, estes termos significavam libertação de uma pessoa da escravidão. Isso é apoiado pelo uso de Paulo da metáfora do servo (escravo) em Romanos 6: “tendo sido servos do pecado… E, libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça … servos de Deus” (6:17-18, 22). A própria vida de Jesus, ou seja, o seu sangue, foi este “preço” dado para o crente arrependido ser liberto do poder do pecado.
     Para entendermos o que aconteceu, devemos focalizar no que Cristo fez e não tanto em outros aspectos deste conceito. Alguns gostam de perguntar sobre outros detalhes, tais como, a quem foi pago o resgate? Esta pergunta é difícil de responder por que as Escrituras não dão uma resposta direta. Nem o Novo Testamento nem a igreja primitiva formularam uma teoria para explicar para quem o resgate ou a redenção foi paga, ou que nisso estava incluído. Eles se contentavam em aceitar o fato sem explicar sua execução. Contentavam-se em que o seu Senhor e Salvador, o Filho do próprio Deus, se dispôs a dar a sua vida para libertá-los das conseqüências do pecado.
     Os Pais Apostólicos fizeram várias afirmações sobre a obra de Cristo, mas nenhum deles formulou uma teoria que explicasse o significado do processo de redenção. Só foi no século onze que Anselmo desenvolveu a Teoria da Satisfação, que foi seguida por muitas outras. Muitas dessas são falhas pois a Bíblia faz silêncio sobre a questão. A melhor delas afirma que a morte de Cristo satisfez o governo de Deus e livrou o homem pecador para que pudesse ser perdoado e ter comunhão com Deus. É questionável que esta metáfora da escravidão signifique um pagamento que foi feito para a nossa libertação.
     Propiciação se encontra em três passagens do Novo Testamento na versão Almeida Corrigida e Fiel: “Cristo Jesus. Ao qual Deus propôs para propiciação [hilaskomai] pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus” (Rm 3.24,25); “E ele é a propiciação [hilasmos] pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo” (1Jo 2.2); Deus “nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação [hilasmon] pelos nossos pecados” (4.10). O mesmo termo grego é usado em hebreus, “querubins da glória, que faziam sombra no expiação, e propiciação.
     Primeiro, a palavra grega hilasterion, assim como muitas outras do Novo Testamento, vem do Velho Testamento Grego da Septuaginta. É uma palavra usada para a cobertura da arca, o propiciatório. Dessa maneira entendiam os primeiros cristãos a respeito do propiciatório quando liam o Novo Testamento. Vemos este uso claramente em Hebreus 9:5 “E sobre a arca os querubins da glória, que faziam sombra no propiciatório [hilasterion]; das quais coisas não falaremos agora particularmente5, 8; Lv 16:13ontexto, o emprego que Paulo fez da frase “seu sangue” (Rm 3.25), também carrega uma imagem de sacrifício. No Velho Testamento, o sangue do sacrifício era despejado no propiciatório para cobrir os pecados do povo. O livro de Hebreus ensina que assim como o sumo sacerdote entrava no Santo dos Santos com o sangue do sacrifício, assim também Cristo com “seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário [o tabernáculo celeste], havendo efetuado uma eterna redenção” (Hb 9.12; 13-14, 24, 26, 28). Cristo o Cordeiro Pascal ofereceu “para sempre um único sacrifício pelos pecados” (10.12; cf. v. 14). O sangue de Cristo significava que a misericórdia e o perdão poderiam ser dispensados para os crentes arrependidos, e Deus ainda seria justo já que seus pecados não seriam ignorados. Outro termo relacionado é hilaskomai, é traduzido como expiação: “para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar [hilaskomai] os pecados do povo” (Hb 2.17). Na luz do fato de que “Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras” (1Co 15.3), seria natural os primeiros cristãos entenderem hilaskomai como “propiciatório”.
     Expiação significa que a morte de Cristo anula, cobre, remove o pecado. Significa que a morte de Cristo foi direcionada à culpa e ao pecado do homem. Tal como dito antes, o sangue de Cristo significava que Deus poderia ser misericordioso e ainda assim justo. Propiciação significa que a ira de Deus para com o homem é aplacada. Propiciação significa que algo é feito para mudar a atitude de Deus para com os pecadores; expiação significa que algo é feito para remover as conseqüências dos pecados do homem. A tradução de propiciação tem uma falha. Ela não pode se aplicar à morte de Cristo apaziguando a ira de Deus contra o homem rebelde. Um Deus santo e amoroso que é o Pai dificilmente concentraria a sua ira em si, no seu Filho.
     Wenger resume o propiciatório com esta ênfase: “Assim como tinha que haver sangue derramado e a perda de uma vida para a cerimônia relativa ao perdão do pecado na lei mosaica, incluindo um ‘propiciatório’ entre a lei de Deus quebrantada e o próprio Jahweh, assim Cristo é o ‘propiciatório’ entre os seus discípulos imperfeitos e o santo Deus do céu. Nossa esperança de perdão e vida eterna está no sangue derramado, na entrega da sua vida por nós na cruz do Gólgota, em oferta pelo pecado que ele apresentou ao Pai”.[7]
     Reconciliação significa que Cristo tornou possível que todos os homens tivessem comunhão com Deus e fizessem parte do povo escolhido de Deus. Isso é demonstrado nas seguintes escrituras: “Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto … de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de separação que estava no meio … para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz, E pela cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades” (Ef 2.13,16; Rm 5.1; Cl 1.20,22). “E tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação; Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pós em nós a palavra da reconciliação” (2Co 5.18,19). Através da reconciliação, a inimizade do homem para com Deus se acaba, e um relacionamento de paz é restaurado.
     Salvação é outro termo usado para descrever os resultados do sofrimento de Cristo. Embora este termo seja usado mais freqüentemente no Antigo Testamento, é também bastante usado no Novo. Em Romanos, Paulo usa esta palavra no tema do livro. Ele escreve: “Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego” (Rm 1.16). Ele também escreve sobre “a esperança da salvação; Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts 5:8,9; cf. 2Ts 2.10); “salvação que está em Cristo Jesus com glória eterna” (2Tm 2.10); “a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus” (3.15). O autor de Hebreus escreve que Cristo “veio a ser a causa da eterna salvação para todos os que lhe obedecem” (Hb 5.9). E Pedro escreve: “E tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor” (2Pe 3.15).
     A palavra grega traduzida como “salvação” é soteria. É uma palavra do Antigo Testamento da Septuaginta que tem o significado de salvação, livramento, preservação e segurança. Vemos isto quando a mulher samaritana disse a Jesus: “a salvação vem dos judeus” (Jo 4.22), e quando ela disse que ele “o Salvador do mundo” (v. 42). Há muitas declarações de que Cristo é o Salvador (Lc 1.47; 2.11; At 5.31; 13.23; Ef 5.23; Fp 3.20). Paulo nos relembra que nosso Senhor “nos salvou, e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos; E que é manifesta agora pela aparição de nosso Salvador Jesus Cristo, o qual aboliu a morte, e trouxe à luz a vida e a incorrupção pelo evangelho” (2Tm 1.9,10).
     Cristo manifestou o amor de Deus por nós na cruz. Como João resume: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16). Paulo escreve: “o Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim” (Gl 2.20). Ele explicou o amor de Deus mais adiante: “Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios … Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores. Logo muito mais agora, tendo sido justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados, seremos salvos pela sua vida” (Rm 5:6-10). Paulo então deixa claro que a reconciliação é um “dom gratuito” e que aqueles que crêem “recebem a abundância da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por um só, Jesus Cristo” (v. 17; cf. 15). A graça agora reina “pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo nosso Senhor” (v. 21).
     Todos os homens podem ser resgatados, ter a redenção, vencer a carne, ser reconciliados com Deus, ter a salvação de seus pecados, etc., por causa do que Cristo sofreu por nós na cruz, possibilitando-nos o perdão. Tudo isso faz o cristão gloriar-se “em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual agora alcançamos a reconciliação” (Rm 5.11).


Um comentário:

  1. Entendo que a dificuldade de responder a quem foi pago o preço da nossa redenção, está na afirmação errada de que éramos escravos de Satanás. Se isso fosse verdade, Ele era o nosso dono e o preço do nosso resgate teria que ser pago a ele. A colocação correta é que éramos escravos do pecado, do qual fomos libertos pelo sangue de Jesus.

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